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BBB – BIDEN, BOLSONARO E BASCULHO

O Brasil no reality da Cúpula do Clima

07/05/2021 às 06h59
Por: Nayara Negreiros
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Foto: Layanne Oliveira/Jornal do Advogado
Foto: Layanne Oliveira/Jornal do Advogado

 

Eu sou o que me cerca. Se eu não preservar o que me cerca, eu não me preservo.

José Ortega y Gasset

 

Enquanto o BBB da TV brasileira encerrou-se com Juliette campeã, no BBB da vida real, o vencedor da prova do líder mundial, Joe Biden, atual Presidente dos EUA, mostrou a que veio.

 

O governo americano queria se reposicionar em relação à questão ambiental, resgatando uma postura de liderança, o que abriria uma janela de oportunidades para os próximos anos. E assim, Biden convocou, em abril, a Cúpula de Líderes sobre o combate às mudanças climáticas, realizada por meio de videoconferência, com a participação de mais de 40 chefes de Estado e até o Secretário Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres.

 

O objetivo: prepararem-se para o próximo paredão, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), com data prevista para o mês de novembro, na cidade escocesa de Glasgow, no Reino Unido.

 

A expectativa era de Biden, como bom líder, apresentar metas arrojadas para conter a emissões de gases e assim o fez: planejou cortar entre 50% e 52% da emissão até 2030, enquanto a meta do democrata Barack Obama foi de 26% a 28%, em relação à 2005.

 

Países como Japão e Canadá apresentaram metas entre 40% e 46% dentro do jogo, enquanto o participante brasileiro anunciou uma “neutralidade” esperada até 2050, concebendo uma antecipação de uma década em relação à meta do Brasil anteriormente.

 

Com as estalecas brasileiras cada vez mais desvalorizadas, imagem internacional abalada, o discurso do Presidente Jair Bolsonaro chama atenção por uma alternância de retórica: pediu cooperação financeira na promessa da “neutralização climática” do Brasil. Entretanto, enquanto o Brasil ia ao confessionário, observou-se que o líder Biden não estava sentado para ouvi-lo, o que no mundo das relações diplomáticas sinaliza um mau presságio.

 

Há de se lembrar que na corrida eleitoral americana em 2020, Bolsonaro deu o “anjo” para o adversário de Biden, o então Presidente Donald Trump, com apoio incondicional à campanha, ratificando os discursos trumpistas.

 

Mas, para a surpresa do jogador tupiniquim, no reality da vida real, o democrata sagrou-se vencedor, assumindo a liderança dessa grande potência mundial, interrompendo os planos bolsonaristas. E tudo isso repercutiria, obviamente, na atual relação Brasil-EUA em 2021.

 

Não obstante, no Queridômetro, a torcida do público em desfavor de acordos entre os dois países vem aumentando, representada por nomes como Leonardo DiCaprio, Katy Perry e até Caetano Veloso. Isso porque é crescente o número de denúncias do governo brasileiro em Cortes Internacionais, como o Tribunal de Haia, por questões indígenas e ambientais, principalmente em relação à Amazônia.

 Ainda durante o encontro, bancos como Deutsche Bank, Credit Suisse, BNP, Bank of America, HSBC, Morgan Stanley o Standard Chartered anunciaram a criação da Net Zero Asset Managers, no qual firmaram um compromisso no combate às mudanças climáticas, incluindo em seus programas de financiamento, objetivos como atingir a meta de baixo carbono, zerando-a antes de 2050.

 

Ademais, ONGs como Corporate Accountability International, Amazon Watch, Friends of de Earth Internacional, Indigenous Environmental Network, Corporate Europe Observatory, Global Forest Coalition apresentaram petição com o projeto de campanha “Que Paguem”, propondo que os grandes responsáveis pela crise climática, tais como  corporações de combustíveis fósseis, da agroindústria, paguem pelos danos e pelas perdas! Pelas reparações, por soluções reais; por uma transição justa!

 

Mas na disputa pelo prêmio máximo dentro dessa grande casa chamada Planeta Terra, o clima esquenta cada vez mais, e não é só pelo efeito estufa, mas no Brasil, o efeito Bolsonaro faz o país levar o monstro da vez, indo de queridinho à vilão, quando o assunto é meio ambiente, desgastando-se não só pelo posicionamento negacionista do atual presidente, mas amplamente ratificado por seu ministro da pasta, Ricardo Salles.

 

O Brasil de Karol Conka, Sarah, Caio Afiune, Rodolfo e muitos outros, eleva a República das Bananas a um patamar indesejado no cenário internacional: participação recorrente nos paredões da CIDH – Corte Interamericana de Direitos Humanos e Tribunal Penal Internacional.

 

Ainda que haja quem defenda que “nós não iremos perder para basculho*”, o certo é que o Brasil se isola cada vez mais, refletindo diretamente na perda de prestígio dentro do multilateralismo.

 

Mas qualquer coisa, me bota no paradeaummmm!

 

 

 

*Basculho: substantivo masculino, derivado do verbo vasculhar. lixo resultante da limpeza de fornos,  tetos ou paredes.

Sentido pejorativo: Pessoa que se ocupa em trabalhos muito ordinários. Pessoa muito suja.



 

 

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Advogada Nayara Negreiros, 'A Internacionalista', cria conteúdos relacionados ao Direito Internacional, notícias e assuntos que impactam as relações internacionais.
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