De acordo com uma pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde - OMS em 2019, foram registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem contar com os episódios subnotificados, pois com isso, estima-se mais de 01 milhão de casos. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, isto é, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia transformando esse fato em uma triste realidade que atinge o mundo e gera grandes perdas à sociedade.
Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM divulgam e conquistam parceiros no Brasil inteiro com a campanha Setembro Amarelo. O dia 10 deste mês é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a iniciativa acontece durante todo o ano. Atualmente, o Setembro Amarelo é a maior campanha anti estigma do mundo!
A falta de estatística específica sobre essa temática no Brasil não diminui o cenário assustador e exaustivo do cotidiano das mães atípicas. O suicídio é, por si só, um assunto que envolve preconceito e tabu. Em se tratando de mulheres com filhos, o tema é pouco abordado e, quando é, há julgamento e falta de empatia. O diagnóstico por si só é algo que abala as estruturas do “maternar”, mas o grande desafio não é a deficiência do filho, e sim uma série de abandonos pelos quais as mães atípicas passam, que vem de todos os lados: da sociedade, da família e do Estado.
Mãe atípica é um conceito que tem sido utilizado para diferenciar, em geral, a maternidade de mulheres que se deparam com uma mudança na rota em seu “maternar”, das mulheres que ao receber o diagnóstico de que o filho nascerá ou tem questões de ordens neurológicas e genéticas, como Síndrome de Down, ou condições de desenvolvimento psíquico, cognitivo e/ou motor adversas, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA), ela terá de exercer a maternidade de um jeito neurodivergente para atender esta criança que irá se desenvolver de maneira diferente do esperado. E isso pode acarretar uma série de mudanças e sobrecargas, além de sentimento de abandono por falta de apoio, o que gera quadros de ansiedade e depressão.
Diariamente essas mães acompanham os filhos em sessões de terapias, travam batalhas seja com profissionais, escolas, ambientes sociais que não sabem acolher e incluir essa família. Um estudo feito com famílias norte-americanas e divulgado no "Journal of Autism and Developmental Disorders", mostrou que o nível de estresse em mães de pessoas com autismo assemelha-se ao estresse crônico apresentado por soldados combatentes de guerra.
Seja textos, vídeos, falas e entrevistas sempre batemos na tecla sobre a: "A maternidade atípica ser uma luta”. Esse termo surge pela ausência que muitas sofrem de uma rede de apoio. Geralmente perdem o emprego ou precisam abandoná-lo para cuidar do filho, sofrem preconceito e falta de inclusão na sociedade, não têm apoio da família nem de amigos, muitas não conseguem matricular o filho em uma escola, não contam com tratamentos adequados para a criança gerando uma falta de apoio e mães exaustas que não tem tempo de cuidar si mesmas.
Vivemos em uma era da “romantização da mulher/mãe maravilha” e a interminável sensação de sempre ter o que fazer nos sufoca e o que muitos não percebem é que não é sobre “impotência”, é sobrecarga. E uma maternidade sem uma rede de apoio transforma a exaustão em depressão, estafa, doença física. É preciso cuidar das mães atípicas também, ter um olhar de acolhimento, pois elas podem estar por um “fio”, implorando por um braço estendido disposto a ajudar.
Se pensar em suicídio busque ajuda.
É importante que as pessoas que estejam passando por momentos de crise busquem ajuda. O ideal é um acompanhamento psicológico, além do apoio da família e dos amigos. Para isso, é essencial que as pessoas consigam falar sobre o que sentem.
Se você estiver com sérios problemas e chegar a considerar o suicídio, pode procurar ajuda entrando em contato com o Centro de Valorização à Vida (CVV).
Esse é um projeto que fornece apoio emocional e prevenção do suicídio. Através de telefone, e-mail e chat 24 horas todos os dias da semana, eles atendem de forma voluntária e gratuita todos que precisam conversar. O serviço é totalmente sigiloso.
O site do CVV é www.cvv.org.br.
Referencias:
https://www.setembroamarelo.com/
ttps://www.tjdft.jus.br