Ângela, do grego Ággelos, que significa “mensageiro”. E, olhando bem, talvez, ela tenha sido mesmo.
Mulher. Política. Cientista e Doutora em Química Quântica. Chanceler da Alemanha por 16 anos e líder do partido de centro-direita União Democrata-Cristã por 18. Líder do Mundo Livre.
Enfrentou a crise financeira internacional de 2008, a crise da Zona do Euro, a anexação da Crimeia, na Ucrânia, pela Rússia, em 2014, a crise dos refugiados na Europa, em 2015 e 2016, e a pandemia de Covid-19.
Participou ativamente das discussões sobre a criação do Tratado de Lisboa para a União Europeia. Coordenou o fechamento gradual de todas as usinas atômicas da Alemanha, após o desastre de Fukushima, no Japão.
Conciliadora, ponderada, pragmática. Definitivamente, não era uma estranha no ninho. Ninho, esse, feito de ovos preponderantemente masculinos. Merkel “cantou de galo” no quarteto da Normandia.
Muitas vezes julgada por sua aparência física, por não ter filhos, por ser divorciada, por seu modo de vestir, sua maior contribuição, talvez, tenha sido reafirmar o poder da mulher no mundo da política, ocupando espaços e tomando voz e vez.
Tornou-se a “mutti” alemã, uma mãe, como era chamada pelos nacionais. Eleita dez vezes consecutivas a mulher mais poderosa do mundo pela revista Forbes.
Fluente em Russo, aproximou-se do peculiar Vladimir Putin. E essa relação foi palco de inúmeras críticas. Por vezes, chamada de complacente aos delírios russos, por outras, seria a única pessoa capaz de impor respeito ao presidente russo.
Cinófoba, Ângela, certa vez, em 2007, em visita ao presidente russo, em Sochi, mostrou a que veio. Putin, conhecedor da fobia a cachorros que Merkel tinha, trouxe para o encontro sua cadela Koni, uma labradora preta. E ao pensar que os nervos da alemã a trairiam naquele momento, Merkel quedou-se plenamente equilibrada. Anos depois, Putin desmentiu a história de que tal encontro tenha sido proposital. Mas isso é, no mínimo, questionável.
O fato é que, hoje, a Europa e o mundo encontram-se abalados com os conflitos que estão ocorrendo entre Rússia e Ucrânia. Muitos tentam descobrir quem motivou ou apoio Putin a dar a largada nessa “guerra”. E apesar de não se saber a origem desse absurdo, um pensamento parece ser unânime: Ângela Merkel está fazendo falta.
Andrey Kortunov, chefe do Conselho dos Assuntos Internacionais da Rússia, afirmou que Merkel poderia ser a pessoa certa para mediar esse conflito. Gunther rudzit, em entrevista para O Antagonista, afirma que Merkel era a única pessoa que tinha coragem de bater boca com Putin.
E no plano internacional como um todo, um nome é sussurrado entre os corredores arrasados da guerra: Ângela!
Não é uma mártir e pode não ser uma heroína, mas sua habilidade e sua fluência em russo estão fazendo falta nesse momento. Nem cartas de tarô e nem bola de cristal poderiam prever o deslinde dessa guerra, mas certamente, a presença dessa mulher forte e corajosa poderia influenciar a mediação entre os litigantes.
E, de longe, escuta-se, a uma só voz: Volta, Ângela!
Neste Dia Internacional da Mulher, a coluna A internacionalista homenageia todas as protagonistas de suas vidas!
Parabéns, mulheres! Por terem coragem de serem MULHER!
Ninguém nasce mulher, torna-se mulher (Simone de Beauvoir)